sábado, 29 de dezembro de 2012

Calor forte pode levar corpo ao colapso



  • Hipertermia, o super aquecimento do corpo, leva à confusão mental e pode provocar um AVC
  • Beber bastante água e bebidas isotônicas evita desidratação e problemas musculares



Termômetro digital perto do Maracanã marcou 46 graus; evite que seu organismo entre em colapso com calor forte
Foto: Ivo Gonzalez 26/12/2012 / O Globo
Termômetro digital perto do Maracanã marcou 46 graus; evite que seu organismo entre em colapso com calor forte Ivo Gonzalez 26/12/2012 / O Globo
RIO - Confusão mental, dor de cabeça, cãibras e desidratação. Temperaturas muito altas como as que têm sido registradas no Rio desde o início do verão podem levar o organismo a um colapso. Os mais sensíveis - como crianças, idosos ou cardíacos - devem redobrar os cuidados com a saúde. Como o calor é extremo, nem só a água protege o corpo de efeitos nocivos. Frutas, sucos e bebidas isotônicas também podem evitar problemas. Atividades físicas ao ar livre entre 10h e 15h, nem pensar!
Na última quarta-feira, os termômetros no Rio marcaram 43,2 graus em Santa Cruz, Zona Oeste da capital, a maior temperatura dos últimos 97 anos. Ventos quentes vindos do Norte do país, a falta de chuvas e o ar polar aumentaram excessivamente as temperaturas nesta semana e provocaram sofrimento na população.
Como é uma cidade à beira mar, o Rio tem umidade relativa do ar alta, o que ajuda a elevar a temperatura do organismo. Isso acontece, explicou o médico José Galvão Alves, da câmara técnica de clínica médica do Conselho Regional de Medicina (Cremerj), porque o corpo deixa de transpirar, que é um mecanismo natural de resfriamento. Quando o organismo não consegue se resfriar, pode entrar em hipertermia, como explica o especialista:
— Nosso organismo vive em equilíbrio térmico, entre 35 e 37 graus. Abaixo é hipotermia, e acima, hipertermia. Esta segunda pode ocorrer por causas internas, infecções, ou por causas externas, quando a temperatura está muito alta.
Quando o corpo entra em hipertermia, os sintomas são diversos, explica o médico. O corpo pede líquido, e os vasos se dilatam, o que diminui a pressão do sangue. A queda na pressão arterial, chamada de hipotensão, diminui a circulação também no cérebro, o que causa dor de cabeça e confusão mental, levando à irritabilidade e ao mau humor.
— Em casos mais extremos, como idosos e pessoas com problemas vasculares, pode levar a um AVC (acidente vascular cerebral) .
Essa queda na pressão, também provoca cansaço extremo, “aquela sensação de moleza”, disse Alves. A perda de líquido pelo organismo, quando o dia quente está mais seco, pode levar à desidratação. Como se não bastasse a desidratação, a perda de líquido também pode causar cãibras. Isso acontece, explica o médico, porque o corpo perde potássio e sódio, o que impede a contração muscular. Por isso, Alves recomenda que, além de água, deve-se beber outros líquidos nos dias muito quentes:
—Bebidas isotônicas têm a quantidade ideal de sódio e potássio, além da água de coco, que é perfeita para evitar a perda de eletrólito, que evitam as cãibras.
A hidratação também pode ser feita com frutas, sucos e verduras. Os alimentos gordurosos e ricos em açúcar também devem ser evitados porque geram calor no organismo.
Os cuidados com os cardiopatas devem ser redobrados, recomenda o cardiologista Evandro Tinoco, diretor da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro (Socerj) e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF). Idosos cardíacos perdem a capacidade de ingestão maior de líquidos e, com isso, ficam mais expostos à hidratação.
— Qualquer mal estar, fraqueza ou desmaio pode ser sintoma de desidratação, e o médico deve ser procurado, principalmente pelos cardíacos. Pode até ser feita mudança na medicação para evitar a insuficiência cardíaca.
Na hora de dormir, explica Tinoco, deve-se evitar pijamas pesados, e o quarto deve estar bem ventilado, ou mesmo com ar condicionado ligado.
— Temos de evitar o calor excessivo também à noite, para dormir bem.
Alves explica que idosos e crianças são mais suscetíveis aos efeitos danosos do calor.
- As crianças ainda não tem o controle do que acontece com o corpo e os idosos perderam esse controle - diz o clínico.
Praia e suas tentações
É quase impossível resistir a praia nesses dias de calor intenso. Mas, alerta o clínico do Cremerj, é um dos ambientes onde é preciso ter mais cuidado para não sucumbir às tentações da areia e depois passar dias na cama. O ideal, explica o médico, é não comer nada do que é vendido na praia.
— Além de tomar sol, que já é um risco para desidratar, não se deve comer esses alimentos. Com as altas temperaturas os alimentos entram em putrefação rapidamente, as bactérias se multiplicam e aumenta o risco de uma gastroenterite, que leva à diarreia e causa desidratação.
Aquela cervejinha e demais bebidas alcoólicas, típicas de praia, também têm que ser evitados. Tinoco explica que o álcool desidrata o organismo porque inibe a retenção de líquido e aumenta a produção de urina.
- Todo o líquido vai sendo eliminado nas idas ao banheiro - diz o cardiologista.
O clínico do Cremerj também diz que a bebida alcoólica é vasodilatadora, ou seja, provoca a queda de pressão e até desmaios.