sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Nova forma de diagnosticar o Mal de Parkinson chega ao Rio

  • Técnica, desenvolvida pela equipe do hospital Albert Einstein, de São Paulo, usa cintilografia para confirmar diagnóstico e avaliar a gravidade da doença degenerativa do sistema nervoso

O SPECT/CT, aparelho usado no Hospital Pró-Cardíaco para fazer cintilografias e tomografias computadorizadas: a vantagem é poder fundir as imagens dos dois exames, para ter um diagnóstico mais acurado Laura Marques
Exame usado para ajudar a diagnosticar problemas como obstruções coronarianas e alterações da tireoide, a cintilografia ganhou uma nova aplicação: vem sendo capaz de mostrar, também, se o paciente tem Mal de Parkinson e em que grau. A técnica teve sua utilidade pesquisada por médicos do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein, de São Paulo, e já está sendo empregada no Hospital Pró-Cardíaco, no Rio. A vantagem é que ela torna mais fácil determinar se o paciente tem mesmo Parkinson, uma vez que os tremores, um dos principais sintomas da doença, podem ter diversas outras causas.
— Com o envelhecimento da população em países como o Brasil, onde a expectativa de vida está aumentando, a incidência da Doença de Parkinson vem aumentando — diz Cláudio Tinoco, coordenador do Serviço de Medicina Nuclear do Pró-Cardíaco. — Sabe-se que ela decorre da perda acelerada e importante do neurotransmissor dopamina, que até certo ponto é normal, a partir dos 40 anos. Na técnica descrita pelos pesquisadores do Einstein, injeta-se o radiotraçador Trodat-1, capaz de se ligar aos neurônios que produzem dopamina, na veia do paciente que será submetido à cintilografia. Se houver pouca produção de dopamina no cérebro, esta substância aparecerá em pouca quantidade na imagem obtida no exame, o que permite um diagnóstico mais preciso: quando alguém apresenta tremores mas seu nível de dopamina é normal, está excluída a hipótese de ter Doença de Parkinson.
A Organização Mundial de Saúde diz que 1% da população sofre do Mal de Parkinson, doença degenerativa do sistema nervoso, e estima que este número vá dobrar até 2040. No Brasil, há cerca de 250 mil casos. Além dos tremores, os principais sintomas são rigidez nos braços e pernas, instabilidade postural (o que eleva o risco de quedas) e bradicinesia (movimentação lenta).
No Pró-Cardíaco, a cintilografia é feita num aparelho SPECT/CT, usado também para tomografias computadorizadas — o que permite ao médico realizar a fusão das imagens geradas nos dois exames, a fim de obter um panorama mais acurado. No caso do diagnóstico de Parkinson, a equipe do hospital usa, além da cintilografia, a tomografia do crânio para analisar a distribuição dos neurônios produtores de dopamina. Alguns planos de saúde têm coberto a cintilografia pedida com esta finalidade, diz Cláudio Tinoco. Quando isso não acontece, o exame custa R$ 2.105.
A equipe do Einstein, agora, estuda como determinar a propensão de uma pessoa a desenvolver a doença, o que poderia levar à criação de estratégias para evitá-la ou, pelo menos, abrandar seus sintomas.

Chineses descobrem fórmula antienvelhecimento

  • Pesquisadores mapearam o que pode deter o processo e acreditam que resultados podem ser repetidos em humanos.

Proteína combinada a gene associado à longevidade pode ser a chave para novos remédios antienvelhecimento
Foto: Camilla Maia/ Agência O Globo/ 19.07.2012
Proteína combinada a gene associado à longevidade pode ser a chave para novos remédios antienvelhecimento Camilla Maia/ Agência O Globo/ 19.07.2012
HONG KONG - Cientistas de Hong Kong descobriram uma fórmula que pode retardar o processo de envelhecimento em camundongos e acreditam que os resultados podem ser repetidos em humanos. O estudo, publicado na edição de dezembro da revista “Cell Metabolism” é construído a partir do trabalho dos cientistas que começou em 2005, sobre envelhecimento precoce ou progeria, uma doença genética rara que afeta um em quatro milhões de bebês, que param de crescer, perdem massa corporal e passam a sofrer de queda de cabelo, problemas nas articulações e morrem em geral até os 20 anos de idade.
Na pesquisa inicial, a equipe da Universidade de Hong Kong descobriu que uma mutação na proteína lamina A, que reveste o núcleo das células humanas, interrompe o processo de reparo celular, o que acelera o envelhecimento. No estudo mais recente, em camundongos e em placas de Petri, os pesquisadores descobriram que a mesma proteína normal e saudável se une e ativa o gene SIRT1, associado à longevidade.
— Podemos desenvolver medicamentos que imitem a lamina A ou aumentem seus laços com o SIRT1 — disse em uma conferência nesta quinta-feira Liu Baohua, pesquisador e professor de bioquímica da Universidade de Hong Kong.
Os pesquisadores ainda checaram se a eficácia da união entre a proteína lamina A e o gene SIRTI poderia ser aumentada pelo resveratrol, um composto existente nas uvas que, acredita-se, ajuda combater o envelhecimento. O professor associado Zhou Zhongjun, coordenador do estudo, afirmou que camundongos saudáveis alimentados com altas concentrações de resveratrol se saíram melhor com o tratamento.

Tratamento ‘cavalo de Troia’ elimina câncer de próstata

  • Terapia está sendo testada em ratos e consiste em esconder vírus no sistema imunológico para matar as células cancerígenas 
Um novo tratamento contra o câncer de próstata vem sendo testado em ratos com uma estratégia bem antiga, o famoso cavalo de Troia. Pesquisadores da Universidade de Sheffield, na Inglaterra, esconderam vírus no sistema imunológico para que, uma vez lá, eles se espalhem e matem as células cancerígenas.

O estudo foi publicado na revista “Cancer Ressearch” e especialistas já o consideram “excitante”, mas testes em humanos ainda são necessários para que o tratamento vire realidade.
Usar vírus para destruir o crescimento de tumores é um campo emergente na luta contra o câncer, mas o problema é justamente fazer com que os vírus penetrem o tumor para fazerem o estrago no lugar certo.

Os pesquisadores coletaram amostras de sangue e extraíram macrófagos, uma parte do sistema imunológico que geralmente ataca os invasores. Estes macrófagos foram misturados a vírus que, como o HIV, evitam ser atacados e, em vez disso, se tornam passageiros nos glóbulos brancos.
No estudo, os roedores foram injetados com os glóbulos brancos infestados de vírus dois dias depois do fim da quimioterapia. Em 40 dias, todos os camundongos que passaram pelo tratamento cavalo de Troia estavam vivos e sem sinais do tumor. Os pesquisadores esperam que os testes em humanos comecem no próximo ano.

Tratamento mais eficaz e seguro para hiperplasia da próstata chegará ao Brasil em 2013

Trata-se da terceira geração do equipamento que diminui o tamanho da próstata por meio de um laser. Nova opção consegue tratar glândulas maiores e, portanto, mais comprometidas

Vivian Carrer Elias
idoso
Hiperplasia benigna de próstata: Doença ocorre quando há um aumento não canceroso do tecido da próstata (Thinkstock)
"Se algum paciente com hiperplasia benigna da próstata pedir que eu faça o melhor que está ao meu alcance para tratá-lo, eu com certeza vou sugerir a cirurgia com laser.” - Lewis Kriterman, especialista da Associação Americana de Urologia
Três homens que sofrem de hiperplasia benigna da próstata grave já estão na fila para serem os primeiros brasileiros submetidos à cirurgia mais moderna, eficaz e segura que existe atualmente para combater a doença. O equipamento responsável pelo procedimento, chamado GreenLight XHPS (sigla em inglês para 'sistema de extrema alta performance'), a terceira e mais recente geração de terapia a laser verde para tratar a condição, chegará ao Brasil provavelmente em fevereiro de 2013. A operação desses pacientes ocorrerá no Hospital Vera Cruz, em Campinas.
Para ajudar a treinar os médicos do país a fim de capacitá-los a realizar esse procedimento, o urologista americano Lewis Kriterman, membro da Associação Americana de Urologia, diretor especialista na técnica, esteve no Brasil no dia 7 de dezembro. Ele já usa a tecnologia a laser em seus pacientes há mais 12 anos, e a nova geração, há um ano e meio. As aulas, que também foram ministradas pelo médico brasileiro Sandro Faria, coordenador do Departamento de Urologia do Hospital Vera Cruz, ocorreram no próprio hospital e tiveram a participação de 12 médicos vindos de diversas regiões de país.
A hiperplasia benigna da próstata é um aumento não canceroso da glândula que comprime a uretra, obstrui o fluxo de urina e pode levar a lesões nos rins. Há, basicamente, três abordagens para tratar a condição: medicamentos e dois tipos de cirurgia — a resseção transuretral da próstata (RTUP) e a operação com laser. Os remédios são capazes tanto de controlar os sintomas da doença — como a necessidade de ir ao banheiro várias vezes durante a noite, por exemplo — quanto de reduzir o tamanho da próstata. Porém, eles não promovem cura ou melhora definitiva e, portanto, precisam ser tomados pelo resto da vida.

Saiba mais

HIPERPLASIA BENIGNA DA PRÓSTATA
A hiperplasia benigna da próstata é um aumento não canceroso do órgão que comprime a uretra, obstrui o fluxo de urina e pode levar a lesões nos rins. A causa do problema não é totalmente conhecida, mas acredita-se que esteja relacionada às alterações hormonais que ocorrem com a idade. O surgimento do problema é mais comum entre homens com mais de 50 anos. Os principais sintomas aos quais o homem deve ficar atento são muitas idas ao banheiro durante o dia e a noite, a necessidade de empurrar a urina e jatos mais fracos do que o normal. Não tratar a doença pode prejudicar a uretra, que não será tão eficaz em esvaziar toda a urina, o que acarreta infecções e doenças nos rins. Cerca de 80% dos homens com mais de 50 anos apresentam algum sintoma da doença.
Abordagem cirúrgica — A terapia com laser, segundo o urologista Sandro Faria, passou a ser usada no Brasil em 2010 e, atualmente, é oferecida por quase 20 hospitais no país — entre eles os hospitais Albert Einstein e Oswaldo Cruz, em São Paulo. No entanto, essas instituições oferecem a segunda geração da tecnologia — a primeira nem chegou a ser importada pelo Brasil.
As três gerações da técnica agem na próstata da mesma forma — por meio de um tubo inserido na uretra, o laser lança ondas de luz verde no tecido da próstata, cujo excesso vaporiza e desaparece na hora. A principal diferença entre as gerações da tecnologia é a potência de cada equipamento e, portanto, a eficácia em tratar próstatas cada vez maiores. Uma próstata pesa, em média, 25 gramas. A primeira geração da técnica era eficaz em tratar próstatas de até 80 gramas; a segunda geração, de até 140 gramas; e, a terceira, que irá ser aplicada nos três pacientes do hospital de Campinas, em glândulas de até 200 gramas. "Com isso, poderemos tratar 99,9% de todos os pacientes com a doença", diz Sandro Faria.
Método convencional, por enquanto — Essa técnica, porém, não é a principal no tratamento de pacientes com hiperplasia benigna da próstata no Brasil — a mais utilizada aqui ainda é a RTUP, desenvolvida nos anos 1950, pela qual é introduzido um endoscópio pela uretra. Atrelado ao endoscópio fica um instrumento que corta e extrai uma parte da próstata. Em países como os Estados Unidos, o método praticamente não é mais aplicado.
De maneira geral, um paciente submetido a essa cirurgia apresenta muito sangramento, precisa ficar com uma sonda durante até três dias, internado entre três e cinco dias e só pode voltar a realizar atividades como dirigir após quatro semanas do procedimento. A cirurgia a laser, por outro lado, exige que o paciente fique com uma sonda entre 12 e 16 horas e permaneça internado durante apenas um dia. Eles também conseguem voltar a dirigir dentro de uma semana. Além disso, o RTUP é eficaz em tratar próstatas de até 80 gramas. "Se a próstata for maior, é preciso uma cirurgia aberta, muito mais complicada, com internação de sete dias", diz o urologista brasileiro.
Cura? — Segundo o urologista americano Lewis Kriterman, normalmente não é necessária medicação após a cirurgia com o laser e é pouco frequente efeitos adversos depois do procedimento — menos do que 1% dos pacientes apresentam sangramento. Submeter-se à cirurgia, porém, não significa que a pessoa estará curada. "Depende muito do paciente. Em alguns casos, todos os sintomas são curados e, em outros, melhoram de forma significativa. Nós classificamos os sintomas da hiperplasia em uma pontuação de um a 35. Pacientes com sintomas muito fortes chegam perto do 35. Então, se o operamos e ele chega a uma pontuação de cinco ou seis, ele já terá uma grande melhora na qualidade de vida", diz.
Segundo Kriterman, teoricamente a cirurgia a laser é indicada para todos os pacientes com hiperplasia benigna da próstata, independentemente da gravidade do problema. No entanto, como trata-se de uma operação, que envolve anestesia e internação, ela deve ser discutida entre médico e paciente. "Muitos acabam preferindo tomar um remédio todos os dias para não ser submetidos a uma cirurgia. Mas se algum paciente pedir que eu faça o melhor que está ao meu alcance para tratá-lo, eu com certeza vou sugerir a cirurgia com laser", diz o urologista americano Lewis Kriterman. "Porém, é preciso ter em mente a importância do diagnóstico precoce, pois quanto mais grave é a doença, mais difícil é reduzir os seus sintomas."