quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Estudo liga falta de vitamina B12 ao encolhimento de cérebro em idosos


 
homem idoso
Falta de vitamina B12 pode afetar memória e causar demência
Um estudo conduzido por pesquisadores britânicos sugere que a falta de vitamina B12 está ligada ao encolhimento do cérebro em idosos.
Segundo os especialistas, idosos com baixos níveis da vitamina, encontrada em carnes, peixes e leite, têm seis vezes mais chances de ter seus cérebros reduzidos de tamanho, uma condição que pode levar à demência.
Os pesquisadores analisaram durante cinco anos um grupo de pessoas com idades entre 61 e 87 anos. Os voluntários foram divididos em três grupos, de acordo com seus níveis de vitamina B12.
Os especialistas perceberam que o grupo com o menor nível da vitamina apresentou um encolhimento cerebral ao longo do tempo em que a pesquisa foi conduzida.
O coordenador do estudo, David Smith, que dirige o Projeto Oxford para Investigação da Memória e Envelhecimento, disse que agora a equipe pretende tratar idosos com vitamina B12 e observar se o suplemento poderá conter o encolhimento do cérebro.
“Esta pesquisa acrescenta uma nova dimensão ao nosso entendimento sobre os efeitos das vitaminas B no cérebro. O nível de redução cerebral que podemos sofrer à medida que envelhecemos pode ser influenciado em parte pelo que comemos”, disse Smith.
Rebecca Wood, diretora da organização britânica Alzheimer’s Research Trust, disse que novas pesquisas serão necessárias.
“Deficiência de vitamina B12 é realmente um problema comum entre idosos e pode estar relacionada ao declínio da memória e demência”, disse Wood.

Estudo brasileiro liga toxina presente em Alzheimer a depressão

Cérebro com Alzheimer tem a substância que causa sintoma de depressão.
Estudo realizado por brasileiros da UFRJ foi publicado em revista científica.

Eduardo CarvalhoDo G1, em São Paulo
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Estudo realizado por pesquisadores brasileiros da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) aponta pela primeira vez que uma toxina presente no cérebro de pessoas que sofrem de doença de Alzheimer pode provocar também sintomas da depressão.

A pesquisa, publicada nesta terça-feira (27) na revista científica “Molecular Psychiatry”, mostra ainda que camundongos que receberam a toxina, chamada de oligômeros de Abeta, para simular sintomas de uma pessoa com Alzheimer e depressão, e que foram tratados com o medicamento antidepressivo fluoxetina apresentaram melhoras na perda de memória e nas alterações de humor.
O cérebro de pessoas com Alzheimer sofre acúmulo desta toxina, que ataca as sinapses, meio pelo qual acontece a comunicação entre um neurônio e outro.
O “ataque” ocasionado pelas toxinas deixa os neurônios desconectados e causa falhas de memória. “Já sabíamos que os oligômeros causavam essa falha de cognição. O que descobrimos é que, além disso, causam depressão”, explica Sérgio Ferreira, professor titular do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ e autor responsável pelo estudo.
Imagem divulgada pelos pesquisadores brasileiros mostra momento do teste de memória realizado com camundongo (Foto: Divulgação/José Henrique da Cunha/UFRJ)Imagem divulgada pelos pesquisadores brasileiros mostra momento do teste de memória realizado com camundongo (Foto: Divulgação/José Henrique da Cunha/UFRJ)
Segundo ele, testes foram feitos há dois anos com cem camundongos, avaliados em dois períodos distintos: durante as primeiras 24 horas após a aplicação da toxina e oito dias depois da injeção dos oligômeros.
Os resultados mostraram que as cobaias apresentaram perda de memória e alterações compatíveis com comportamento depressivo. A conclusão foi obtida após a aplicação de testes que são utilizados comumente para diagnosticar casos de depressão em roedores, como o nado forçado, suspensão do camundongo pela cauda e preferência pelo açúcar.
Nos dois primeiros tipos de testes, o roedor saudável luta para sobreviver (seja para sair do ambiente com água ou tentar reverter sua posição ao ficar pendurado), enquanto o camundongo depressivo apresenta poucas reações. Já no terceiro teste, o roedor saudável busca a água com sacarose (açúcar), indicando que busca algo que lhe dê mais prazer. O camundongo doente não expressa reação quanto à água açucarada.
Em busca de tratamento
“A partir disto, começamos a pensar em uma forma de tratar os sintomas. Pensamos em utilizar antidepressivos, até que testamos a fluoxetina, utilizada atualmente no tratamento contra a depressão. Sabíamos que o medicamento causaria reação positiva quanto às alterações de humor, mas a nossa surpresa é que o remédio melhorou também a memória dos animais”, explicou.
De acordo com Ferreira, isso abre uma perspectiva de que a fluoxetina pode ser utilizada no tratamento de Alzheimer. “Não podemos dizer que é a cura, mas pode ser um tratamento. É a primeira descoberta na área, mas agora temos que fazer muitos estudos com animais, para chegarmos à conclusão de que esse tratamento pode funcionar com humanos”, disse.
De acordo com o pesquisador, no Brasil, 1 em cada 150 pessoas tem esta doença, que começa a se desenvolver com o avanço da idade. Estimativa dos especialistas da UFRJ é que entre 800 mil e 1,2 milhão de pessoas do país foram acometidas.
Geralmente, o Alzheimer pode apresentar sintomas a partir dos 65 anos. Idosos com idade a partir de 75 anos fazem parte do grupo de pessoas que mais podem ser afetadas pela doença. Pessoas que tiveram depressão ao longo da vida correm um risco maior de desenvolver Alzheimer quando mais velhos. Diabéticos também têm mais chance de serem afetados, principalmente pacientes com diabetes tipo 2.
O principal sintoma, além da depressão, é a perda de memória e a incapacidade de formar novas recordações, de acordo com Ferreira. “Nos casos de sintomas iniciais, a pessoa fica incapaz de reconhecer rostos que ele pode ter visto há pouco tempo ou ainda esquecer coisas recentes como, por exemplo, onde guardou as chaves”, explica o especialista.

Inca aponta menor incidência de tipos de câncer em cidades brasileiras

Instituto cita redução da doença no pulmão e em colo de útero.
Estudo divulgado analisou dados de 22 cidades do país.

Alba Valéria MendonçaDo G1, no Rio
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O Instituto Nacional do Câncer (Inca) divulgou, nesta terça-feira (27), publicação que aponta queda nas taxas de incidência e mortalidade para alguns tipos dessa doença em diferentes cidades brasileiras. São exemplos o tumor maligno do colo do útero e o câncer de pulmão.
No caso do câncer de colo de útero, Curitiba apresentou a maior queda das cidades avaliadas, tanto para o número de casos novos (9,4%) quanto para os óbitos (7,9%). São Paulo e Goiânia também apresentaram quedas significativas (7,4% nos casos e 3,6% nas mortes) e (4,9% e 3,2%), respectivamente.
 Esses números se referem a diferentes períodos, de acordo com os dados disponíveis em cada localidade. Entre os municípios incluídos no estudo estão São Paulo, Salvador, Recife, Porto Alegre, Palmas, João Pessoa, Jaú (SP), Goiânia, Fortaleza, Curitiba e Aracaju, que já possuem séries históricas que permitem fazer análise de tendências. Os dados desses municípios foram colhidos entre 1987 e 2009, mas não abrangem todo esse período em todas as cidades.
Embora os resultados gerais apontem queda, João Pessoa teve aumento nos casos de câncer do colo de útero entre 1999 e 2006. A capital paraibana apresentou aumento de 6,1% na incidência e de 21,3% na mortalidade.
"Os dados de João Pessoa trazem à tona uma realidade até então desconhecida. A qualidade da informação melhorou e por isso, os dados indicam uma aumento tão grande. Antes, tínhamos muitos registros de morte de causa indefinida. Agora, temos dados mais reais sobre as mortes e incidências de câncer", explicou Marceli Santos, do Inca.
A principal alteração que pode levar a esse tipo de câncer é a infecção persistente pelo papilomavírus humano, o HPV. Se diagnosticada antecipadamente, a doença tem alto índice de cura.
Pulmão
Segundo o Inca, as ações de prevenção ao tabagismo se refletem na redução da incidência do câncer de pulmão em algumas capitais. Entre os homens, o surgimento desse tipo de câncer diminuiu em São Paulo (- 7,2% ao ano), Salvador (-5,7% ao ano) e Curitiba (-3,2 % ao ano). Já a queda de mortalidade mais expressiva aparece em Salvador (-4,5% ao ano), seguida de São Paulo (-2,2%).
Segundo o diretor-geral do Inca, Luiz Antônio Santini, a redução dos casos de câncer de pulmão está intimamente relacionada ao tabagismo. Ou seja, como houve uma queda no número de homens que fumam, verifica-se uma estabilidade e até um declínio do número de casos entre eles. Já com as mulheres, que passaram a fumar mais tarde que os homens, os números de casos ainda estão em elevação.
"A redução no que se refere aos homens é resultado das campanhas de massa contra o tabagismo. A redução é significativa em São Paulo, Curitiba e Salvador, por exemplo. Mas com as mulheres, as tendências ainda são de crescimento, como verificamos em São Paulo e Curitiba. Felizmente, no caso do câncer de colo de útero, que é um tumor altamente prevenível, verificamos uma queda nas taxas de incidência e mortalidade", destacou o diretor-geral do Inca.
Pele
De acordo com o estudo divulgado pelo Inca, o câncer de pele ainda é o que apresenta a maior incidência de casos no Brasil, entre homens e mulheres. Depois dele, as maiores incidências de casos e morte nos homens é do câncer de próstata, e nas mulheres, do câncer de mama.
"No caso do câncer de mama, houve um discreto aumento no número de casos, verificados também pelo aumento do número de diagnósticos e de exames feitos no pais. Contribuiu para o aumento de casos também o envelhecimento da população, o tipo de alimentação com ingestão de grande quantidade de hormônios e a dificuldade de uma diagnóstico precoce que permita combater a doença em seu início", explicou o diretor do Instituto Brasileiro de Controle do Câncer, José Carlos Sampaio.
Para Sampaio, esse estudo vai ajudar a nortear as campanhas de prevenção e tratamento no país. "Nos últimos 20 anos, ampliamos o acesso ao diagnóstico e ao tratamento de cânceres curáveis, como o de colo de útero. Essa é a melhor estratégia para a redução de mortalidade. O esforço de campanhas feitas nos anos 70 e 80 começa a dar resultados. O estudo mostra que pela primeira vez há uma tendência de redução desse tipo de câncer. E mostra também que o caminho é investir em campanhas de massa de orientação, prevenção e tratamento", disse Sampaio.
Novos casos
Segundo estimativa apontada pelo estudo, pelo menos cerca de 518 mil novos casos de câncer serão registrados no Brasil este ano. Segundo a pesquisadora do Inca, Marceli Santos, esses dados mostram a evolução da população.
"Não se trata de um dado alarmante, mas de uma constatação. A população está envelhecendo, e quanto mais se vive, maiores são as chance de morte por câncer, problemas cardiovasculares e outros tipos de doença relacionadas à idade. Basta verificar que a estimativa para os Estados Unidos é de mais de um milhão de pessoas sofram de câncer no próximo ano", disse a pesquisadora.