quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Hipoglicemia provoca tontura, visão embaçada e se resolve com açúcar




Ingerir glicose aumenta níveis no sangue e alivia os sintomas das crises.
Sinais são parecidos aos de crise de pressão baixa, que se resolve com sal.

Sentir tontura, fraqueza, coração acelerando e a visão embaçada, muitas vezes, pode significar queda de pressão. Por isso, algumas pessoas logo recorrem ao sal  para aliviar a crise, mas logo percebem que não adianta.
Caso isso aconteça, pode ser que esses sintomas sejam de hipoglicemia, uma diminuição do nível de açúcar no sangue, que causa também dor de cabeça, tremores, zumbido no ouvido e pode até levar ao coma.
Para distinguir a hipoglicemia da pressão baixa, é só avaliar se o que resolve a crise é o sal ou o açúcar. No caso da hipoglicemia, ingerir glicose aumenta o nível no sangue e alivia os incômodos, como explicaram os endocrinologistas Alfredo Halpern e Márcia Nery no Bem Estar desta quarta-feira (14).
Pré-diabetes supervalendo (Foto: Arte/G1)
Segundo o endocrinologista Alfredo Halpern, não existe um consenso do nível de açúcar no sangue que pode ser considerado hipoglicemia, mas normalmente a taxa de glicose abaixo de 60mg/dl ou 70mg/dl já pode desencadear uma crise. O risco é maior em diabéticos, pessoas muito magras, idosos e crianças com até 7 anos de idade.

Ao sentir os sintomas da hipoglicemia, a pessoa pode ingerir um copo de suco de laranja ou refrigerante normal, uma colher de sopa rasa de açúcar ou mel, três balas de caramelo ou o que tiver mais próximo, como biscoitos e outros doces.
Algumas pessoas, inclusive, acreditam que ter hipoglicemia aumenta a chance de desenvolver a diabetes, mas ela pode indicar o estágio inicial da doença, como explicou o endocrinologista Alfredo Halpern. Uma pessoa com predisposição genética, por exemplo, pode ter crises de hipoglicemia porque o pâncreas trabalha lentamente; a partir daí, ela pode ou não desenvolver a diabetes.
A doença se caracteriza pelo acúmulo de açúcar no sangue, por causa da falta de produção de insulina pelo pâncreas. A insulina é o hormônio que leva o açúcar para dentro das células e, caso ele não seja produzido, o sangue fica com o excesso.
Cerca de 90% dos casos são de diabetes tipo 2. Já o tipo 1 costuma surgir na infância ou na adolescência e é caracterizado por uma falha no sistema de defesa do corpo, que leva à destruição das células que produzem a insulina no pâncreas. Esses pacientes dependem da injeção de insulina pelo resto da vida.
A doença tem carga genética, mas geralmente está ligada à obesidade e ao sedentarismo, e aparece na fase adulta. Ela pode ser controlada com remédios e dieta, e injeções de insulina são usadas apenas em alguns casos.
Outro mito desvendado pelos médicos no Bem Estar desta quarta-feira (14) foi o fato de que comer muito açúcar pode levar à diabetes. Segundo a endocrinologista Márcia Nery, o excesso de glicose aumenta o peso, mas não provoca a doença, de imediato. O que acontece é que esse consumo pode levar à obesidade que, então, causa a diabetes.
No caso do diabético, a alimentação é essencial no controle da doença. Os carboidratos são os que mais afetam os valores de glicose no sangue após a alimentação, que pode levar à necessidade ou não do uso da insulina. Portanto, alimentos como pão, macarrão, arroz e batata são alguns "vilões" da dieta de quem tem diabetes, ou seja, essas pessoas têm que equilibrar a ingestão deles como maneira de se proteger.

Remédios falsos matam mais de 100 mil pessoas por ano no mundo



Estima-se que 10% dos remédios comercializados nos países pobres sejam falsificados ou estejam fora dos padrões



Remédios apreendidos pelo Ministério da Saúde da Nigéria: pelo menos 10% dos medicamentos comercializados nos países pobres são falsificados
Foto: Latinstock

Remédios apreendidos pelo Ministério da Saúde da Nigéria: pelo menos 10% dos medicamentos comercializados nos países pobres são falsificadosLATINSTOCK
Um surto de meningite letal nos Estados Unidos no mês passado deixou 29 vítimas. A proliferação da doença deveu-se a injeções contaminadas de esteroide. No Paquistão, em março, 125 pessoas tiveram uma overdose após tomar um medicamento para o coração que continha um volume tóxico de uma droga destinada a combater a malária. Os dois casos serão debatidos numa reunião que começa na próxima segunda-feira, em Buenos Aires. Representantes de cerca de cem países-membros da Organização Mundial de Saúde (OMS) vão discutir formas de garantir a defesa da população contra remédios falsificados ou fora dos padrões e analisar os seus impactos na saúde.
As apreensões multiplicam-se anualmente em todo mundo. E se conhece apenas uma pequena parte do problema, pois só um terço dos países conta com fiscalização e agências de vigilância sanitária. Estima-se que 10% dos remédios comercializados nos países pobres sejam falsificados ou estejam fora dos padrões.
Falta de legislação global agrava problema
Pelo menos cem mil pessoas morrem todos os anos no planeta devido a medicamentos de baixa qualidade ou falsificados para câncer, doenças cardiovasculares ou infecciosas. Este número, no entanto, pode ser ainda maior.
— Os casos mais graves não são contados — assinalou Amir Attaran, autor principal de uma análise de falsificações que está na edição desta semana da revista “British Medical Journal”. — Por exemplo, de 10% a 30% dos remédios para malária são falsificados ou fora do padrão na África, onde 600 mil crianças morrem por causa desta doença a cada ano.
Também de acordo com Attaran, no Brasil a apreensão de medicamentos sem registro pela Anvisa passou de cinco toneladas em 2007 para 235 toneladas em 2009.
A Europa também testemunhou um crescimento expressivo de apreensões em suas fronteiras. Entre 2010 e 2011, a quantidade de medicamentos ilegais retidos aumentou 700%.
— Ninguém sabe quanto rende essa atividade criminosa. Mas o valor não é pequeno. São bilhões de dólares todos os anos no mundo— explicou Attaran, em entrevista ao GLOBO.
Professor de Direito e Medicina da Universidade de Ottawa, no Canadá, Attaran atribui o amplo espaço conquistado pelos criminosos à falta de uma legislação global sobre medicamentos.
— O debate diplomático é interminável — acusou. — O progresso é zero. Menos, até. Nos últimos três anos, nós regredimos porque uma força-tarefa da OMS recebeu ordens na Índia para deixar de trabalhar, e as definições legais da entidade do que seriam maus medicamentos foram desconsideradas, sem serem substituídas por outras. Defender as leis de propriedades intelectuais, a bandeira dos países ricos e da indústria farmacêutica, não seria o suficiente para acabar com o comércio ilegal de remédios.
— Há muitos remédios que são falsificados e que não estão sob patente ou marca registrada — lembrou. — Alguns deles não custam mais do que alguns dólares, como antibióticos, antimaláricos, analgésicos. Enquanto os países não chegam a um consenso, os remédios de origem duvidosa continuam fazendo vítimas.
Entre os dados analisados por Attaran está um levantamento comandado pela PUC-RS e pela Superintendência do Rio Grande do Sul da Polícia Federal, segundo o qual 69% dos remédios apreendidos no país entre 2007 e 2010 auxiliam o tratamento de disfunção erétil, e 26% são esteroides anabolizantes.
A maioria tem como destino as regiões Sul e Sudeste, onde estão os principais portos e aeroportos brasileiros.
O governo indiano pressionou a OMS para impedir o acesso de ONGs e profissionais de saúde ao encontro na semana que vem. O país é um dos maiores produtores de medicamentos falsificados ou de baixa qualidade, o que contraria as regras da organização internacional. Para Attaran, “obstruir o regulamento seria diplomaticamente embaraçoso para a Índia, por isso ela quer fechar a reunião”. Pesquisadores indianos que participaram do levantamento do “British Medical Journal” também não poderão participar do debate.