quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Queijo coalho para prevenir tumores


Pesquisa de brasileiro constata multiplicação das células de defesa nos consumidores

Recife Muito consumido no Nordeste, principalmente no sertão, e nas praias do Rio de Janeiro, o queijo de coalho pernambucano previne danos relacionados ao envelhecimento, ao câncer, a ataques cardíacos, derrame e arteriosclerose. Aumenta, ainda, a disponibilidade de zinco no corpo, mineral que ajuda na multiplicação de células de defesa, garante o biólogo Roberto Afonso da Silva, do Laboratório de Imunopatologia Keiko Asami (Lika), da Universidade Federal de Pernambuco, que passou quatro anos estudando as propriedades do produto para sua tese de doutorado.
A pesquisa do brasileiro acaba de ser publicada na “Food Chemistry”. No trabalho — “O queijo de coalho do Nordeste do Brasil pode ser utilizado como alimento funcional?” – ele mostra que além do sabor agradável, o queijo nordestino tem propriedades não só nutritivas como bioativas.
O queijo de coalho é muito disseminado no Nordeste, mas em Pernambuco há apenas 200 queijarias registradas. Apesar de muito popular, suas propriedades funcionais nunca haviam sido descritas. Como o produto encontra-se ‘a véspera de obter certificação de indicação geográfica, as suas qualidades chamaram atenção dos pesquisadores da UFPE.
Normalmente associada ‘a vitamina C e aos flavonóides – substâncias encontradas em uvas, vinhos, chá verde, laranja – a ação anti-oxidante também pode ser atribuída ao queijo tão solicitado pelo homem da caatinga, hoje muito presente nos mercados populares da capital.
- O queijo de coalho é rico em peptídeos bioativos, com propriedades antioxidantes (combatem os radicais livres), antimicrobianas e carreadoras de zinco, mineral que tem função de ativar enzimas que multiplicam as células de defesa, explicou o pesquisador.
A atividade antimicrobiana e a antioxidante devem-se a peptídeos variados, que são obtidos na hidrólise (quebra) da caseína (proteína) do leite utilizado na fabricação do queijo. Peptídeos são compostos formados pela combinação de aminoácidos. A investigação limitou-se ao queijo do tipo B, produzido com leite cru (não pasteurizado), e que é caracterizado como artesanal.
- Ele é um queijo magro, com baixo teor de gordura, tem alta ou média umidade, e textura e sabor muito particulares. Os estudos mostraram, também, que apesar da fabricação artesanal, o índice de coliformes está no limite permitido, o que implica em dizer que eles são produzidos nos padrões de qualidade sanitária exigidos, afirmou o professor.
Ele examinou exaustivamente doze amostras, recolhidas em seis municípios da região agreste e do sertão, todas certificados pela Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco (Adagro). As amostras foram coletadas em queijarias de Capoeiras, Correntes, São Bento do Una, Cachoeirinha e Venturosa, todos na região agreste. E ainda em Arcoverde, que fica no sertão.
A pesquisa desenvolveu-se entre os anos de 2008 e 2012, sob a orientação dos professores José Luiz de Lima Filho (Diretor do Lika) e de Maria Taciana Cavalcanti Vieira Soares (da Pós Graduação da Universidade Federal Rural de Pernambuco). O pesquisador constatou, ainda, que por ter um número muito elevado de peptídeos, o queijo de coalho pode ter outras propriedades bioativas, como a anti-hipertensiva.
- Podemos afirmar que o queijo de coalho produzido no semi-árido de Pernambuco tem expressiva importância na melhoria da saúde dos consumidores, desde que sejam cumpridas todas as etapas tecnológicas e sanitárias para garantir um alimento seguro, disse. E recomendou:
- Devemos valorizar cada vez mais esses alimentos que são marginalizados por serem preparados em processos manuais e, na maioria das vezes, por pessoas sem conhecimentos técnicos de higiene. Para o pesquisador, a qualidade funcional do queijo de coalho já está comprovada. O que é necessário, agora, é padronizar a produção para reduzir a grande variação da qualidade existente entre os produtores pernambucanos, disse. Em Pernambuco, o queijo de coalho não se limita ‘as 200 produtoras registradas. Calcula-se que há mil unidades que fabricam o produto informalmente, de forma clandestina.

Um grande salto em direção à longevidade


Risco de morte de jovens caiu 200 vezes em 100 anos

Bebês nascidos hoje têm 200 vezes menos chances de morrer jovens em comparação com os nascidos há um século. E mesmo para os mais idosos, a probabilidade de morrer é substancialmente menor do que a dos que viviam há quatro gerações. Um estudo alemão sugere que a industrialização e o desenvolvimento desde 1900 — e não as mudanças genéticas — são os principais responsáveis pelo significativo aumento dessa expectativa de vida entre os humanos. As descobertas foram publicadas nesta segunda-feira no periódico “Proceedings of the National Academy of Sciences”.
Os cientistas analisaram a taxa de mortalidade dos caçadores-coletores, cujo estilo de vida é praticamente o mesmo há várias gerações, de tribos da Austrália, África, América do Sul e das Filipinas para contextualizar as mudanças recentes com a expectativa de vida nos países desenvolvidos. O trabalho revela que a taxa de mortalidade caiu tanto que os com 72 anos são aparentemente os novos trintões. Segundo eles, caçadores-coletores de 30 anos têm a mesma probabilidade de morrer que japoneses com 72 anos.
— Que estas populações estão vivendo mais que aquelas com menos acesso à alimentação e à saúde não é uma surpresa. O que nos impressionou foi o valor da melhora (200 vezes) e o tempo (quatro gerações) para este processo — explicou o coordenador do trabalho, o antropólogo evolucionário Oskar Burger, do Instituto Max Planck de Pesquisa Demográfica, em Rostock, na Alemanha.
A pesquisa também mostrou que as taxas de mortalidade dos caçadores-coletores eram até mais próximas dos chimpanzés do que a de cidadãos do Japão ou da Suíça.
— Normalmente nós esperaríamos que as diferenças fossem maior entre espécies diferentes do que entre populações da mesma espécie. Isto é surpreendente, e é a prova do quão maleáveis são os padrões de mortalidade dos homens — ressaltou Burger.
Ambiente reduz mortalidade
A pesquisa mostra que o avanço registrado durante 1,3 milhão de anos entre os caçadores-coletores foi o mesmo que ocorreu em apenas 30 anos nas populações desenvolvidas do século XXI. Esta mudança ocorreu a partir de 1900 no que os cientistas chamaram de “rápido salto revolucionário”.
— Não sabemos as causas da redução drástica da taxa de mortalidade, mas temos certeza de que ela é causada pelo meio ambiente. Estamos certos de que este índice vem de diferentes fontes: habitação, água limpa, alimentação, medicamentos desempenham o seu papel — sugeriu o antropólogo, que se anima com a possibilidade de pesquisas futuras. — Este valor de variação é difícil de prever utilizando as teorias convencionais. No futuro, esperamos conseguir analisar os padrões através de toda a árvore da vida.

Hábito de pular o café da manhã faz o cérebro buscar gordura


Alimentos calóricos parecem mais atrativos quando se começa o dia em jejum, de acordo com pesquisa inglesa feita a partir de exames de ressonância magnética


Deixar de tomar café da manhã engorda, segundo pesquisa
Foto: Divulgação
Deixar de tomar café da manhã engorda, segundo pesquisaDIVULGAÇÃO
RIO - O cérebro fica ávido por alimentos calóricos quando se começa o dia em jejum, segundo uma nova pesquisa. Exames de imagem com 21 pessoas com peso normal mostraram que o hábito de pular o café da manhã fez com que elas comessem mais na hora do almoço.
Os pesquisadores do Imperial College London ficaram curiosos sobre o que acontecia no cérebro para alterar o tipo de comida escolhido, então mostraram a estas pessoas fotos de alimentos calóricos enquanto elas eram colocadas no aparelho de ressonância magnética. Em alguns dias, os voluntários não tomaram café da manhã antes do exame e, em outros, foram alimentados com uma refeição de 730 calorias no início do dia, uma hora e meia antes do exame.
Os resultados, apresentados na conferência Neurociência 2012, mostraram que o cérebro mudava a resposta às fotos de alimentos calóricos — mas não às dos alimentos magros — quando o café da manhã tinha sido pulado. A parte do cérebro envolvida no apelo à comida, o córtex orbitofrontal, ficava mais ativa quando o estômago estava vazio, segundo a pesquisa.
Quando o almoço era oferecido no fim dos exames, os voluntários comiam 20% mais calorias se tivessem começado o dia em jejum. os nutricionistas ouvidos acreditam que o café da manhã esteja relacionado à estabilização dos níveis de açúcar, que nos mantém “na linha”.

Vitaminas na prevenção do câncer



Estudo que durou uma década e envolveu 15 mil pessoas revela que suplementos oferecem uma redução de 8% nos riscos


Cartela usada por mais de dez anos durante a realização do estudo sobre multivitamínicos, suplementos preferidos por metade dos americanos
Foto: AP
Cartela usada por mais de dez anos durante a realização do estudo sobre multivitamínicos, suplementos preferidos por metade dos americanosAP
Depois de uma série de estudos conflitantes sobre a eficácia dos suplementos vitamínicos na prevenção de doenças crônicas, pesquisadores anunciaram nesta quarta-feira que um teste clínico de larga escala — envolvendo cerca de 15 mil médicos acompanhados ao longo de mais de uma década —, revelou que aqueles que tomavam um multivitamínico (cápsula composta de diversas vitaminas e minerais) por dia tiveram um risco de desenvolver câncer 8% menor do que os que ingeriram placebo. O estudo aleatório e duplo-cego (em que os participantes não sabem se estão tomando a substância em teste ou placebo), padrão ouro da medicina em matéria de pesquisa, é considerado o maior e mais longo dos esforços já feitos para responder a questões sobre o uso de vitaminas.
Outras ações são mais eficazes
A redução no total de cânceres é pequena, mas estatisticamente significante, afirmou o principal autor do estudo, J. Michael Gaziano, cardiologista do Hospital Feminino de Brigham, dos Estados Unidos. Embora a primeira razão que leve as pessoas a tomar multivitamínicos seja a tentativa de prevenir deficiências nutricionais, “há uma redução modesta no risco de desenvolvimento de câncer com o uso de um multivitamínico comum”, disse Gaziano, ressaltando, no entanto, que outras medidas podem ser mais eficazes na prevenção da doença .
— Seria um grande erro se as pessoas começassem a tomar multivitamínicos em vez de parar de fumar ou fazer qualquer outra coisa que sabemos ter um papel muito maior na prevenção, como uma boa alimentação e a prática de exercícios físicos — afirmou Gaziano. — E temos de continuar usando filtro solar.
As descobertas foram apresentadas na Associação Americana para Pesquisa do Câncer, durante uma conferência sobre a prevenção da doença, e o estudo foi publicado na prestigiada “Journal of the American Medical Association”. Com o apoio do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos e uma doação do laboratório químico Basf Corporation, o estudo usou os multivitamínicos da Pfizer, mas os patrocinadores não tiveram participação no modelo, na análise de dados ou ainda na preparação dos manuscritos, garantiram os autores do estudo.
Cerca de metade dos norte-americanos toma algum tipo de suplemento vitamínico e pelo menos um terço, um multivitamínico. No entanto, as Diretrizes Alimentares para os Americanos de 2010 asseguram que não há provas para se recomendar o uso diário de multivitamínicos ou minerais na prevenção de doenças crônicas.
No Brasil, as vitaminas são isentas de prescrição médica e por isso não há um controle de venda ou consumo por parte da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Para o presidente da Sociedade Brasileira de Oncologioa Clínica (SBOC), Anderson Arantes Silvestrini, a relação entre vitamina e redução do risco de câncer deve ocorrer devido aos antioxidantes:
— A produção de radicais livres está ligada à lesão celular, o que leva ao câncer. Os antioxidantes das vitaminas combatem os radicais livres e, dessa forma, protegeriam o organismo de tumores — explicou.
Ele acredita ainda que pessoas que tomam vitaminas todos os dias já são mais preocupadas com hábitos saudáveis, estes sim, preconizados como a maior arma contra a doença
A Sociedade Americana do Câncer estimula uma dieta balanceada e, para os que tomam multivitamínicos, que não ultrapassem 100% do valor diário recomendado dos nutrientes.
— É um efeito pequeno, mas, além de parar de fumar, não há nada que reduza os riscos de câncer em 10% — afirmou Robert Greenberg, do Centro de Pesquisas em Câncer Fred Hutchinson, em Seattle. — Os multivitamínicos não tiveram efeito contra o câncer de próstata, o mais comum entre os pacientes estudados.

Maconha na adolescência reduz a capacidade intelectual



Pesquisa divulgada nos Estados Unidos registrou uma queda de oito pontos no QI de usuários que começaram a fumar a droga antes dos 18 anos de idade

Surtos psicóticos: quanto maior for o consumo de maconha durante a juventude, maiores serão os sintomas na fase adulta
Queda no QI não foi observada entre usuários que começaram a fumar maconha após os 18 anos (Doug Menuez/Thinkstock)
Fumar maconha regularmente durante a adolescência reduz a capacidade intelectual de forma permanente na vida adulta, aponta uma pesquisa publicada nesta segunda-feira nos Estados Unidos.

O levantamento comparou o quociente intelectual (QI) de mil neozelandeses aos 13 anos e aos 38, incluindo fumantes regulares de maconha e não usuários. Entre os usuários que começaram a fumar na adolescência -- com o cérebro ainda em desenvolvimento -- e continuaram com o hábito até a fase adulta, houve uma queda de oito pontos no QI. Já entre os não usuários, o QI subiu até um ponto. "Em média, o QI deve permanecer estável à medida que a pessoa envelhece", explica a responsável pela pesquisa Madeline Meier, psicóloga da Universidade de Duke.

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A queda do QI não foi atribuída a diferenças na educação ou por abuso de outras substâncias, como álcool e outras drogas, destacou Meier.
 
Os que começaram a fumar maconha na adolescência também registraram piores resultados em testes de memória, concentração e raciocínio rápido. Os que abandonaram a maconha ou reduziram seu uso até um ano antes do teste dos 38 anos apresentaram os mesmos déficits intelectuais.
 
Período vulnerável - Por outro lado, os usuários que começaram a fumar maconha na idade adulta -- após os 18 anos -- não tiveram sua capacidade intelectual reduzida. "A adolescência é um período particularmente vulnerável no desenvolvimento do cérebro", destacou a pesquisadora. Os jovens que começam a fumar cedo "podem estar interrompendo processos normais chave para o cérebro", e de forma permanente.
 
Meier especula que um estudo mais aprofundado pode ajudar a determinar se abandonar a maconha por mais de um ano permitiria "recuperar a capacidade" intelectual. "Não estudamos isto, mas é definitivamente possível", concluiu ela.

Identificado o mecanismo que provoca ganho de peso em ex-fumantes



Nicotina liga receptores cerebrais que tiram a fome e ao mesmo tempo estimulam o consumo de energia no organismo

Cigarro: nicotina libera substâncias no cérebro que tornam mais difícil parar de fumar
Cigarro: nicotina libera substâncias no cérebro que tornam mais difícil parar de fumar (Thinkstock)
Parar de fumar, na maioria dos casos, significa engordar. "Quem para de fumar por conta própria, sem acompanhamento médico, engorda de 10 a 15 quilos, em média", afirma a cardiologista Jaqueline Scholz Issa, coordenadora do Programa de Tratamento do Tabagismo do Instituto do Coração, do Hospital das Clínicas de São Paulo. Já se sabe que a nicotina provoca alterações no metabolismo. Mas ainda havia algo não muito bem compreendido pelos médicos: como, exatamente, essa nicotina diminui o apetite?

Um estudo envolvendo cientistas de várias universidades americanas identificou os mecanismos moleculares relacionados à perda de apetite motivada pelo cigarro. A descoberta deve ajudar a criar medicamentos que combatam o vício do tabagismo sem provocar o ganho de peso. Além disso, poderá inspirar novas terapias contra obesidade.

Yann Mineur, do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, testava um novo remédio para tratar depressão em camundongos quando percebeu que os animais perdiam apetite ao receber a droga. Para descobrir a causa, ele desligou seletivamente receptores neuronais no cérebro dos camundongos. O desligamento de receptores é uma técnica que utiliza remédios, alimentos, genética molecular e uma série de outros fatores.

Por eliminação, Mineur descobriu que, quando a nicotina liga-se ao receptor alfa3beta4, os neurônios enviam uma mensagem ao organismo: hora de parar de comer. E estimulam o consumo da energia armazenada no corpo. A descoberta foi publicada na revista Science.

Outro receptor, chamado alfa4beta2, está relacionado à sensação de bem-estar que o cigarro causa e, portanto, ao seu potencial de provocar dependência. A pesquisa pretende servir de base para o desenvolvimento de um remédio capaz de imitar o efeito da nicotina sobre o apetite - atuando sobre o alfa3beta4 –, mas sem estimular o vício - ou seja, sem se ligar ao alfa4beta2.

Fumo está relacionado com deterioração mental nos homens, diz estudo



Comprometimento também atinge ex-fumantes, mas a mesma relação não foi identificada entre as mulheres

Homem fumando cigarro
Tabagismo: estudo identifica maior risco de comprometimento cognitivo em homens fumantes (Stockbyte/Getty Images)
Os homens tabagistas têm maior deterioração mental com o passar do tempo do que aqueles que nunca fumaram, segundo um estudo britânico publicado nesta segunda-feira nos Estados Unidos, que advertiu, no entanto, que a mesma relação causa-efeito não se observou nas mulheres.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Impact of Smoking on Cognitive Decline in Early Old Age

Onde foi divulgada: revista Archives of General Psychiatry

Quem fez: Séverine Sabia, Alexis Elbaz, Aline Dugravot, Jenny Head, Martin Shipley, Gareth Hagger-Johnson, Mika Kivimaki e Archana Singh-Manoux

Instituição: University College de Londres, Inglaterra

Dados de amostragem: 5.099 homens e 2.137 mulheres com idade média de 56 anos

Resultado: Homens fumantes têm maior comprometimento cognitivo do que aqueles que não fumam. Ex-fumantes também apresentam o problema por até 10 anos após pararem de fumar. A mesma relação não foi feita entre mulheres
A investigação sugere que os efeitos do hábito de fumar a longo prazo resultam em perda de memória e incapacidade para vincular a experiência passada com as ações do presente, assim como uma queda nas habilidades cognitivas gerais.
O estudo, publicado na revista especializada Archives of General Psychiatry, acompanhou através do serviço civil britânico mais de 5.000 homens e 2.100 mulheres com idade média de 56 anos no começo do estudo e foram acompanhados no máximo por 25 anos.
Os cientistas da University College de Londres comprovaram sua condição de fumantes seis vezes neste período e os submeteram a uma série de provas cognitivas. Eles descobriram que o tabagismo esteve vinculado a uma redução mais rápida na capacidade mental em todos os testes cognitivos entre homens que fumavam em comparação com os homens não fumantes. "Nossos resultados mostram que a associação entre tabagismo e cognição, sobretudo em idades mais avançadas, parece estar subestimado devido ao risco maior de morte e abandono entre os fumantes", destacou o estudo, chefiado por Severine Sabia, da University College de Londres.
Os homens que pararam de fumar nos primeiros 10 anos após iniciado o estudo estavam ainda em maior risco de deterioração cognitiva, mas a longo prazo os ex-fumantes não mostraram os mesmos níveis de deterioração. "Este estudo comprova que fumar é nocivo para o cérebro", afirmou Marc Gordon, chefe de neurologia do hospital Zucker Hillside em Glen Oaks, Nova York, que não participou do estudo.
"Na metade da vida, fumar é um fator de risco modificável, com um efeito mais ou menos equivalente a 10 anos de envelhecimento na taxa de deterioração cognitiva", acrescentou. "As descobertas são chave para explicar o envelhecimento da população mundial, com 36 milhões de casos de demência em todo o planeta, uma cifra que dobrará a cada 20 anos, segundo as projeções", afirmaram os autores do estudo.
O porquê de as mulheres não mostrarem a mesma relação entre tabagismo e envelhecimento mental não ficou claro, embora os pesquisadores tenham sugerido que o menor tamanho da amostra e a maior quantidade de cigarros fumados pelos homens em comparação com as mulheres poderiam ser fatores contribuintes.

Em 2012, 37% dos casos de câncer no Brasil estarão relacionados ao tabagismo



Estimativa do Inca ainda mostrou que cânceres relacionados ao cigarro podem reduzir em até 6 anos a expectativa de vida de homens e em 5 a de mulheres

Cigarros
Cigarros: tabagismo tem forte relação com câncer de pulmão e câncer colorretal (Stockbyte/Getty Images)
Neste ano, 37% dos novos casos de câncer podem estar relacionados ao tabagismo, segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca) divulgadas nesta quinta-feira, 31, Dia Mundial sem Tabaco. De acordo com os dados, os cânceres de pulmão e colorretal estão fortemente associados ao fumo.
Esse recorte é inédito e foi baseado nas estimativas do Inca sobre os novos casos de câncer em 2012, que previu 520 mil novos casos da doença neste ano. De acordo com o órgão, embora a taxa de fumantes no Brasil esteja pela primeira vez abaixo dos 15%, segundodados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2011, o número de casos de câncer associados ao tabagismo continuam preocupantes. "O país já obteve muitos avanços na luta contra o tabagismo, mas ainda é preciso regulamentar definitivamente a lei dos ambientes 100% livres do tabaco e dar mais um grande passo em prol da saúde dos brasileiros", diz o diretor-geral do Inca, Luiz Antonio Santini.
Regiões — Os dados do Inca mostraram que os percentuais de cânceres associados ao tabagismo em relação a todos os registrados em 2012 serão de 34% entre homens e 45% entre mulheres da região Norte; 33% e 38%, respectivamente, no Nordeste; 35% e 40% no Centro-Oeste; 38% e 33% no sudeste; e 43% e 35% na região Sul.
Mortalidade — O Inca destacou que não só os novos casos, mas também a taxa de mortalidade, são alarmantes. As estimativas revelaram que, se for considerada uma expectativa de vida até os 80 anos de idade, os homens podem chegar a viver 6 anos menos, e as mulheres 5 anos menos, caso desenvolvam um câncer associado ao cigarro.
Ainda de acordo com os dados, o câncer de pulmão é o principal tipo da doença associado ao cigarro. Segundo o Inca, essa doença corresponde a aproximadamente 30% das mortes por câncer que ocorrem no Brasil entre o sexo masculino. Entre as mulheres, além do câncer de pulmão, o colorretal, bastante relacionado ao tabagismo, também é representativo, correspondendo a 20% das mortes por câncer na região Sudeste, por exemplo.
Outras causas — O Inca ainda chamou atenção para o fato de que o cigarro pode prejudicar a saúde de uma pessoa não somente pelo fumo, mas também pelo processo de produção, por exemplo. Desmatamento, uso de agrotóxico, incêndios e poluição do ar, além de afetarem o meio ambiente, danificam a saúde de trabalhadores, como os agricultores, e da população. "Basta manter um cigarro aceso para poluir o ambiente. A fumaça do cigarro contém mais de 4.700 substâncias tóxicas e cancerígenas, além de corantes e agrotóxicos em altas concentrações. Imagine a quantidade de toxicidade que várias pessoas fumando deixam no nosso planeta", diz a coordenadora da Divisão de Tabagismo do Inca, Valéria Cunha.
O fumo passivo também é outra maneira pela qual o tabagismo afeta as pessoas. De acordo com o Inca, estudos revelam que pessoas que não fumam, mas são expostas ao cigarro, apresentam um risco 30% maior de desenvolver câncer no pulmão e doenças cardíacas e têm de 25% a 35% mais chances de sofrer de doenças coronarianas agudas. O órgão indica que, no Brasil, ao menos sete pessoas que não fumam morrem por doenças provocadas pela exposição à fumaça do tabaco no Brasil.

Apenas 1 em cada 3 fumantes consegue abandonar o vício



Situações de estresse agudo, como perda do emprego ou divórcio, são as principais causas de recaída

Número de paulistanos classificados como fumantes pesados - que fumam dois ou mais maços de cigarro por dia - diminuiu em São Paulo
Cigarro: a ansiedade intensa e o descuido com o vício também são responsáveis por recaídas (ThinkStock)
Passar por uma situação de estresse agudo, como perder o emprego, divorciar-se ou enfrentar a morte de um familiar, é a principal causa de recaídas para tabagistas em tratamento. Dos 820 pacientes analisados por um estudo do Instituto do Coração (Incor), em São Paulo, 257 (31,3%) chegaram a parar de fumar por um tempo, mas retomaram o vício. E apenas 276 (33,7%) foram bem-sucedidos em largar o cigarro. Os demais ou abandonaram o tratamento ou nunca conseguiram parar de fumar.
O levantamento, apresentado em março deste ano durante o congresso da Society for Research on Nicotine and Tobacco, nos Estados Unidos, analisou a evolução clínica de pacientes inscritos no Programa de Assistência ao Fumante (PAF) - um software desenvolvido pela cardiologista Jaqueline Scholz Issa, diretora do Programa Ambulatorial de Tratamento do Tabagismo do Incor.
O programa permite a realização de análises retrospectivas do tratamento de cada paciente e busca características comuns àqueles que obtiveram sucesso ou insucesso no combate ao fumo. Outros dois gatilhos importantes apontados para a recaída, além do estresse agudo, foram a ansiedade intensa e o descuido (quando o paciente acredita que fumar um único cigarro não vai trazê-lo de volta ao vício).
"“Conhecendo mais detalhes sobre o tabagismo, poderemos alertar os pacientes sobre como essas situações de estresse e ansiedade interferem no tratamento. Voltar a fumar, embora possa aliviar momentaneamente o sofrimento e o desconforto, não vai resolver o problema: vai criar mais um"”, diz Jaqueline.

Câncer de pulmão em pacientes que já fumaram tem 10 vezes mais mutações



Descoberta pode levar ao desenvolvimento de novas terapias que ataquem especificamente os genes que sofreram mutações

Câncer de pulmão
O câncer de pulmão é considerado um dos mais letais, uma vez que sua detecção é feita em estágios tardios da doenç(Thinkstock)
O câncer de pulmão tem 10 vezes mais mutações genéticas em pacientes com histórico de fumante, do que naqueles que nunca fumaram. Segundo a pesquisa conduzida pela Universidade de Washington, a descoberta reforça ainda mais o alerta de que o cigarro é prejudicial à saúde, jogando luz sobre a possibilidade de fumantes desenvolverem tumores mais agressivos. O estudo foi publicado no periódico Cell.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Genomic Landscape of Non-Small Cell Lung Cancer in Smokers and Never-Smokers

Onde foi divulgada: revista Cell

Quem fez: Ramaswamy Govindan e equipe

Instituição: Universidade de Washington

Dados de amostragem: 17 pacientes com câncer de pulmão

Resultado: Pacientes que desenvolveram o câncer de pulmão, e que têm histórico de fumantes, tinham 10 vezes mais mutações genéticas no tumor.
“Não ficamos surpresos pelo fato do genoma do fumante ter mais mutações do que o daqueles que nunca fumaram”, diz Richard K. Wilson, autor sênior e diretor do Instituto do Genoma da Universidade de Washington. Mas, segundo ele, a surpresa foi detectar que essas mutações eram 10 vezes maiores. “Isso reforça a velha mensagem: não fume.”
Pesquisa — A análise identificou cerca de 3.700 mutações em todos os 17 pacientes com câncer de pulmão de 'não-pequenas células', o tipo mais prevalente da doença. Doze pacientes tinham histórico de fumante. Em cada um dos pacientes que nunca havia fumando, foi descoberto ao menos um gene que sofreu mutação e que pode ser usado como alvo para o tratamento com drogas que já estão no mercado ou que ainda estão em fase de teste clínico. Em todos os pacientes, foram identificados 54 genes com mutações já associados a drogas existentes.
“Se essas drogas vão realmente funcionar em pacientes com essas alterações no DNA, ainda não se sabe”, diz Ramaswamy Govindan, coordenador da pesquisa e oncologista do Siteman Cancer, do Hospital Barnes-Jewish, e da Universidade de Washington. “Mas pesquisas como essa abrem caminho para a compreensão do que está acontecendo. Agora, precisamos ir mais a fundo e fazer estudos para compreender como essas mutações causam e promovem o câncer, e como elas podem servir de alvo para terapias.”
Câncer — O câncer de pulmão é dividido em dois tipos: pequenas células e não-pequenas células, este último sendo responsável por cerca de 85% dos casos. Dentro dos cânceres de não-pequenas células, existem três classificações diferentes. A análise feita pelos pesquisadores inclui duas delas. Dezesseis pacientes tinham adenocarcinoma e um, carcinoma de células grandes.
Govindan e Wilson também estavam envolvidos em um estudo genômico grande de 178 pacientes que tinham o terceiro tipo, carcinoma de células escamosas. Essa pesquisa, recentemente publicada na Nature, era parte do projeto The Cancer Genome Atlas, um esforço nacional para descrever a genética de cânceres comuns.
“Ao longo do próximo ano, teremos estudado quase 1.000 genomas de pacientes com câncer de pulmão, como parte do The Cancer Genome Atlas”, diz Govindan, que atua como co-presidente do grupo. “Estamos na direção correta: caminhando para testes clínicos futuros que irão focar na biologia molecular específica do câncer do paciente.”
Terapia — Com base nas pesquisas genéticas que vêm sendo realizadas e que demonstram mutações comuns em diferentes tipos de câncer, Wilson especula que o campo pode alcançar um ponto onde os médicos poderão classificar e tratar um tumor com base nos genes que tiveram mutações, e não no órgão afetado. Em vez de câncer do pulmão, por exemplo, eles podem chamar isso de câncer EGFR, de acordo com o nome do gene com mutação e que causa o tumor. Mutações no EGFR foram descobertas em diversos cânceres, incluindo os de pulmão, colo e mama.
De acordo com Wilson, essa classificação é relevante, porque as terapias alvos atuais são aprovadas com base no órgão ou no tecido afetados. O Herceptin, por exemplo, é essencialmente uma droga para o câncer de mama. Mas Wilson tem pacientes, por exemplo, com câncer de pulmão com mutações no mesmo gene que o Herceptin ataca.
“Se o sequenciamento do genoma revela que um paciente com câncer de pulmão tem uma mutação conhecida por ser sensível a uma droga que funciona para os tumores na mama com a mesma alteração genética, você poderá usar a mesma droga nos pacientes com câncer de pulmão”, ele diz. “Nos próximos anos, esperamos tratar o câncer com base mais na alteração genética do que por seu tecido de origem.”

Parar de fumar engorda, confirma pesquisa



O ganho de peso médio no primeiro ano sem cigarro é de quatro a cinco quilos. Benefícios do fim do tabagismo, porém, superam os riscos de engordar

Cigarros
Parar de fumar engorda, mas benefícios valem a pena (Denis Tevekov/Hemera/Getty Images)
Parar de fumar, embora seja algo extremamente benéfico à saúde, provoca ganho de peso na maioria das vezes. Uma nova pesquisa publicada nesta terça-feira no site do periódico British Medical Journal (BMJ) concluiu que fumantes engordam, em média, entre quatro e cinco quilos no primeiro ano sem cigarro — especialmente nos primeiros três meses. Segundo os autores do estudo, esse aumento de peso é maior do que se pensava anteriormente, mas isso não elimina o fato de que os efeitos positivos que acompanham o fim do tabagismo superam os riscos do ganho de peso.

Opinião do especialista

Jaqueline Scholz Issa
Cardiologista e coordenadora do Programa de Tratamento do Tabagismo do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor)

"Esses dados vão ao encontro dos resultados de um levantamento que fizemos no Insituto Nacional de Câncer (Inca) com fumantes que tentaram largar o cigarro. Na prática clínica, observamos que, geralmente, quem se preocupa muito em ganhar peso não tenta parar de fumar, e que engordar não é um dos motivos mais comumente apresentados por fumantes que têm recaídas.
Embora a maioria das pessoas ganhe peso ao deixar o tabagismo, é importante que elas saibam que não é impossível evitar que isso ocorra. Como elas provavelmente sentirão mais fome sem o cigarro, a melhor alternativa é dedicar-se a alguma atividade física. A prática, além de ajudar a amegrecer, alivia outros sintomas que acompanham um fumante que está tentando abandonar o vício, como stress e ansiedade.
Por isso, é importante que uma pessoa saiba dos riscos de engordar antes de abandonar o cigarro. Assim, ela pode se preparar e se planejar para que não ganhe peso."
Esse trabalho foi feito por pesquisadores da Universidade do Sul de Paris, na França, e da Universidade de Birmingham, na Grã-Bretanha, que cruzaram dados de 62 estudos sobre ganho de peso e fim do tabagismo para chegar a essas conclusões. Ainda de acordo com o estudo, entre todos os fumantes que abandonam o cigarro, 37% engordam até cinco quilos; 34% ganham entre cinco e dez quilos e 13% aumentam seu peso em mais de dez quilos. Os outros 16% emagrecem.
A pesquisa indicou que o ganho de peso foi o mesmo independentemente do tipo de terapia farmacológica usada pelos ex-fumantes e também não se alterou entre pessoas que relataram se preocupar, ou não, com o fato de correr o risco de engordar ao parar de fumar. Porém, segundo a equipe, pessoas que usam reposição de nicotina podem ganhar menos peso, pois a substância funciona como supressor de apetite e pode ajudar a aumentar a taxa metabólica. No artigo, os autores enfatizam que, como muitos fumantes desistem de abandonar o cigarro com medo de engordar, o aconselhamento a essas pessoas deveria incluir recomendações para evitar o ganho de peso.
Brasil — Um estudo feito recentemente no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (InCor) acompanhou 568 fumantes que desejavam largar o cigarro. Segundo a pesquisa, entre os participantes que ficaram ao menos 12 meses sem fumar, 73% ganharam peso, 11% emagreceram e 16% mantiveram o peso. O ganho médio de peso foi entre 4,7 e 5,6 quilos — e as mulheres engordaram mais do que os homens. Ao relatarem como se sentiram após abandonarem o cigarro, 85% das pessoas que engordaram disseram "estar se sentindo melhor de saúde ao parar de fumar, apesar do ganho de peso", sugerindo que a percepção do benefício da cessação do tabagismo é referida pelo paciente como algo mais positivo que o conseqüente ganho de peso. O artigo ainda será publicado nos Arquivos Brasileiros de Cardiologia.

Nestlé vai reduzir sal e açúcar dos cereais matinais


Objetivo é aumentar quantidade de cálcio e cereais integrais até 2015 nas 20 marcas preferidas pelas crianças


Empresa acredita que um número grande de mães não quer que as crianças comam tanto açúcar, o que é uma barreira para a venda dos cereais
Foto: Divulgação
Empresa acredita que um número grande de mães não quer que as crianças comam tanto açúcar, o que é uma barreira para a venda dos cereaisDIVULGAÇÃO
ORBE - A Nestlé SA e General Mills Inc vão cortar açúcar e sal nos cereais matinais das crianças do mercado fora dos Estados Unidos, na mais recente tentativa de responder às preocupações com a saúde. As duas empresas têm uma joint venture chamada Cereal Partners Worldwide (CPW) desde 1990 para vender marca Nestlé-cereais em mais de 140 países fora dos Estados Unidos e Canadá, mercados que respondem por metade do total de vendas mundial de cereais, que chega a US$ 25 bilhões.
O objetivo é reformular as 20 marcas de cereais populares entre crianças e adolescentes até 2015, aumentando a quantidade de cereais integrais e cálcio e reduzindo em até 30% o açúcar e em 12% o sódio. No Brasil, os Cereais Matinais Nestlé já tem grãos integrais em sua composição e são os únicos do mercado com esta característica. A reformulação vai afetar cerca de 5,3 bilhões porções de cereais vendidas a cada ano.
— Um número grande de mães não quer que as crianças comam tanto açúcar e esta é uma barreira para a venda dos cereais — disse o executivo da CPW, Jeffrey Harmening à Reuters.
Desde 2003, a companhia removeu mais de 9 mil toneladas de açúcar e aproximadamente 900 toneladas de sal de suas receitas, enquanto adicionou mais de 3,4 bilhões de grãos integrais.
Embora as autoridades mundiais de saúde recomendem que as pessoas devam aumentar o consumo de grãos integrais como parte de uma dieta equilibrada, os estudos mostram que em alguns países 9 em cada 10 pessoas não ingerem a quantidade diária recomendada.
— Nós fomos os primeiros produtores mundiais de cereais matinais a adicionar grãos integrais aos nossos produtos e estamos aumentando as quantidades desde 2003 — continua Harmening.— Continuamos a melhorar nossos produtos de forma que possamos oferecer nutrientes essenciais, preservando o sabor apreciado por nossos consumidores. Estamos comprometidos a melhorar cerca de 5,3 bilhões de porções dos cereais matinais da Nestlé em mais de 140 países ao redor do mundo. Enriquecendo estes produtos com cálcio, estamos ajudando a promover um impacto positivo no crescimento e no desenvolvimento dos ossos das crianças.
Apesar da Nestlé/CPW estar reduzindo o teor de açúcar dos seus cereais matinais, o valor energético não sofrerá perda. O açúcar será substituído por outros ingredientes, basicamente carboidratos, que contêm uma quantidade similar de calorias.
A medida faz parte de um movimento das empresas de alimentos e bebidas que procuram antecipar uma regulamentação mais severa devido à epidemia global de obesidade, oferecendo produtos mais saudáveis ​​ou porções menores.
Dados da Organização Mundial de Saúde mostram que 42 milhões de crianças abaixo de 5 anos de idade tinham excesso de peso em 2010. Na Europa, a obesidade já é responsável por até 8% das despesas de saúde e até 13% das mortes.
Nos últimos anos a Kellogg´s também reformulou algumas marcas e até o McDonald´s incluiu maçãs e cortou calorias de alguns itens do cardápio.

Fumantes assumem uma direção perigosa



Substância encontrada em cigarros ultrapassa os limites tóxicos

A Associação Médica Britânica diz que fumar dentro de carros deve ser proibido. A entidade se pronunciou depois de obter os resultados de uma pesquisa realizada pela “University of Aberdeen”, que mostra que fumar dentro do carro, mesmo que com as janelas abertas ou o ar condicionado ligado, cria uma poluição que ultrapassa os limites considerados seguros.
De acordo com os estudiosos, qualquer criança sentada no banco de trás do carro onde haja um fumante está exposta a esse nível excessivo de substâncias tóxicas. Segundo eles, todos estão expostos à essa poluição, porém, as crianças são particularmente suscetíveis, por terem a respiração mais rápida, um sistema imunológico menos desenvolvido e serem incapazes de fugir ou evitar a exposição ao fumo passivo.
Para a pesquisa, a equipe realizou medições durante 85 viagens de carro. Usando um dispositivo preso ao assento de trás do automóvel, registraram dados da qualidade do ar durante as viagens, que variaram entre 10 minutos a uma hora de duração.
Em 49 das 85 viagens, o motorista fumou até quatro cigarros. Durante esses trajetos, o ar ambiente registrou uma média de 85μg (microgramas) de partículas finas, que são prejudiciais à saúde, por metro cúbico — valor mais de três vezes acima do que o limite máximo seguro, de 25μ/m3, recomendado pela Organização Mundial de Saúde.
Segundo o estudo, mesmo que o motorista fumasse apenas um cigarro e deixasse as janelas abertas, os níveis de material tóxico ainda excederia o limite em algum ponto da viagem.
Diretor do “Smokers' lobby group Forest”, Simon Clark, é contra a proibição do fumo no interior de veículos.
— Não incentivamos os adultos a fumarem em um carro quando há nele crianças pequenas, mas seria uma forte oposição à legislação proibir o fumo no interior de veículos. De acordo com a pesquisa, 84% dos adultos não fumam quando estão com crianças. A proibição seria desproporcional. Em termos de direitos civis estamos entrando em um território difícil. Para a maioria das pessoas o carro é um espaço privado. Se você proibir o fumo dentro dos veículos com crianças, o próximo passo lógico é proibir que os pais de fumem dentro de suas casas — pondera.
O professor John Britton, presidente do “ Royal College of Physicians Tobacco Advisory Group”, diz, porém, que a proibição é necessária para proteger os pequenos. Ele afirma que as estimativas sugerem que a cada ano de fumo passivo, há registros de mais de 20 mil casos de infecção do trato respiratório inferior em crianças, além de 200 casos de meningite bacteriana, e 40 casos de morte súbita infantil.
E em novembro do ano passado, a Associação Médica Britânica disse que a proibição total, mesmo sem passageiros, seria a melhor maneira de proteger as crianças e os adultos que não fumam.

Anvisa revela altos teores de sódio em queijo, macarrão instantâneo e mortadela



Levantamento analisou cerca de 500 amostras de 26 categorias de alimentos, coletadas em 15 estados em 2010 e 2011.


Sódio a mais. Estudo da Anvisa mostrou que queijo parmesão é o campeão do excesso de sal; na versão ralada, a concentração também é muito alta
Foto: Bruno Agostini
Sódio a mais. Estudo da Anvisa mostrou que queijo parmesão é o campeão do excesso de sal; na versão ralada, a concentração também é muito altaBRUNO AGOSTINI
BRASÍLIA - O queijo parmesão, o macarrão instantâneo e a mortadela são os produtos com as maiores médias de quantidade de sódio, segundo pesquisa realizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O estudo revela ainda que o biscoito de polvilho possui, em média, 1.092 miligramas (mg) para cada 100g do produto, mais da metade de toda a quantidade de sódio que uma pessoa deve consumir durante todo o dia.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o consumo máximo de 2.000 mg de sódio por dia. O levantamento analisou a quantidade de sódio em quase 500 amostras de 26 categorias de alimentos, coletadas em 15 estados em 2010 e 2011.
A quantidade de sódio encontrada no hambúrguer bovino chamou atenção dos pesquisadores. A média foi de 701mg de sódio por 100g do produto. Segundo a pesquisa, um hambúrguer, que possui em média 80g, é responsável por mais de um quarto do total de sódio que uma pessoa deveria consumir diariamente.
No caso do queijo parmesão, a Anvisa destaca que o produto deve ser consumido moderadamente. Uma amostra apresentou o maior valor absoluto de sódio, entre todas as 500 da pesquisa: atingiu a marca de 3.052mg. A média de sódio no parmesão (1402mg) foi ainda maior no produto ralado (1981mg), valores superiores aos demais tipos de queijo analisados.
Listado como o segundo produto com a maior média de sódio, o macarrão instantâneo parece com 1.798mg para cada 100g. Um acordo entre o Ministério da Saúde e as indústrias de alimentos prevê o valor máximo de 1.920,7mg. No entanto, a Anvisa constatou em uma amostra um valor superior de 2.160mg para cada 100g, já contabilizada a quantidade de sódio presente no tempero que acompanha o produto.
O perigo do pão de queijo pronto
Em relação à variação do teor de sódio entre diversas marcas de um mesmo alimento, lideram a lista os queijos: minas frescal, parmesão e a ricota fresca. A quantidade de sódio encontrada no queijo minas pode variar 14,4 vezes dependendo da marca. Já a do queijo parmesão chega a 13,7 e da ricota fresca, a 10,5 vezes. Outro produto que apresenta grande diferença é o pão de queijo pronto. Neste caso, a variação na quantidade de sódio é de quase oito vezes entre uma marca e outra.
— É preciso que os consumidores comparem a tabela nutricional dos alimentos de diferentes marcas para que possam optar por alimentos mais saudáveis, com menos sódio — orienta o diretor de Controle e Monitoramento Sanitário da Anvisa, Agenor Álvares, destacando que isso demonstra que existem recursos tecnológicos para reduzir o sódio nos produtos.
Além de observar o rótulo dos alimentos industrializados, a Anvisa orienta que o consumidor experimente os alimentos antes de adicionar mais sal. Outra dica é realizar a diminuição gradativa do sal nos alimentos.
O consumo excessivo do sódio é considerado um fator de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, como doenças do coração, obesidade, câncer, diabetes, entre outras.
O Ministério da Saúde e a Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (Abia) firmaram três acordos com metas nacionais para a redução de sódio em alimentos processados no Brasil. A previsão é de que até 2020 estejam fora das prateleiras 20 mil toneladas de sódio.
Segundo a OMS, em 2001, 60% das 56,5 milhões de mortes no mundo foram resultado de doenças crônicas não transmissíveis. O aumento da pressão arterial é considerado o principal fator de risco de morte e o segundo de incapacidade por doenças cardíacas, acidente vascular cerebral e insuficiência renal.

Dieta rica em fibras previne contra síndrome metabólica



Segundo estudo, focar em alimentos ricos em fibras é mais eficaz do que controlar o consumo de gorduras saturadas

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Síndrome metabólica: dieta rica em fibras pode melhorar fatores de risco desse problema, como colesterol alto e acúmulo de gordura abdominal (Reprodução)
Uma dieta rica em fibras, mas não necessariamente com baixo teor de gorduras saturadas ou de colesterol, está associada a um menor risco de doenças cardíacas e diabetes tipo 2 em adolescentes. É o que concluiu um estudo feito na Universidade do Estado de Michigan e publicado neste mês no Journal of the American Dietetic Association.
Segundo os pesquisadores, o maior consumo de alimentos ricos em fibras e em nutrientes é mais eficaz em reduzir fatores de risco para uma síndrome metabólica. Uma pessoa é considerada com essa síndrome quando apresenta três ou mais dos seus cinco fatores de risco. São eles: pressão alta; níveis elevados de açúcar e gordura no sangue; baixos níveis de bom colesterol (HDL); acúmulo de gordura abdominal.
Por isso, segundo o estudo, uma dieta que busque combater esse problema deve focar mais no aumento do consumo de fibras, nutrientes e vegetais do que na exclusão de alimentos com gorduras saturadas. “Isso não significa, entretanto, que os adolescentes têm carta branca para comerem muita gordura saturada, uma vez que, entre outras coisas, ela aumenta o colesterol ruim (LDL)”, diz Joseph Carlson, coordenador do estudo e professor da Universidade do Estado de Michigan.
A pesquisa - O estudo analisou dados coletados de cerca de 2.100 jovens de 12 a 19 anos que passaram pelo Observatório Nacional de Exames em Saúde e Nutrição dos Estados Unidos entre 1999 e 2002. Os pesquisadores observaram a alimentação dos adolescentes e também se tinham três ou mais fatores de risco para a síndrome metabólica. Ao todo, 70% tinham pelo menos um desses fatores, e 6,4% sofriam da síndrome.
Os pesquisadores observaram que o grupo de jovens que consumia a menor quantidade de fibras apresentou três vezes mais incidência de síndrome metabólica do que aqueles que consumiam mais fibras. Por outro lado, não houve relação significativa com ingestão de gorduras saturadas nem de colesterol.
Maus hábitos - Para Carlson, a grande variedade de alimentos deveria incentivar os adolescentes a comer bem. Mas na prática o que se verifica é o contrário: um estudo recente indicou que mais de 30% de tudo o que um jovem come é composto por bebidas e lanches ricos em açúcar.
Embora a recomendação diária de ingestão de fibra seja de 26 gramas para as meninas e 38 gramas para os meninos, hoje os adolescentes consomem em torno de 13 gramas de fibras. Isso se deve ao fato de comerem muito pouco de frutas, vegetais e grãos.
Esse estudo, de acordo com os pesquisadores, deve estimular os especialistas a encontrarem a melhor maneira de impulsionar uma dieta rica em fibras nos jovens. Se uma pessoa comer três frutas ou vegetais, uma porção de feijão e três porções de algum grão, já terá consumido 30 gramas de fibras no dia. “O segredo está em fazer com que as pessoas encontrem alimentos que gostem e também que sejam convenientes para elas”, explica Carlson.
Obesidade no Brasil - Segundo dados do IBGE, no Brasil, 5,9% dos meninos e 4% das meninas entre 10 e 19 anos são obesos. O sobrepeso atinge 21,7% dos garotos e 19,4% das garotas dessa idade.

Exercício aeróbico contra a síndrome metabólica



As pessoas que se preocupam com aumento de peso ou com a saliência da barriguinha estão cobertas de razão. Talvez pelos motivos errados, mas têm razão. A vaidade e a aparência não são os únicos argumentos para se manter o corpo magro e em forma. A barriga, ou o acúmulo de gordura na região do abdome, vai muito além da questão estética. É um perigo para a saúde.
A síndrome metabólica (SM) é definida como sendo um conjunto de fatores de risco cardiovascular – pressão arterial elevada, dislipidemia (colesterol ruim elevado), glicemia elevada e/ou resistência à insulina e acúmulo de gordura abdominal. Estima-se que a SM atinja 312 milhões de pessoas no mundo. Com o alarmante número de 1,1 bilhão de pessoas com sobrepeso espalhadas pelo planeta, a SM provavelmente continuará a aumentar nos próximos anos.
Por que a SM é tão perigosa? Porque está intimamente associada ao aumento do risco de doenças cardiovasculares e inclusive a maiores taxas de mortalidade. Um grupo de pesquisadores cita que pessoas com SM apresentam um risco de morte três vezes mais alto de doenças coronarianas, em comparação a indivíduos saudáveis.
Como você já deve estar imaginando, o papel do exercício físico é bastante importante para reverter o quadro de SM, principalmente o exercício aeróbio. * Uma pesquisa avaliou 32 pacientes diagnosticados com  SM. Os pacientes realizaram um programa de caminhada/corrida em esteira, 3 vezes por semana, durante 16 semanas. Detalhe: as sessões de exercício eram de apenas 45 minutos em média, cada.
Todos foram submetidos a vários testes e exames e conforme o esperado, o grupo apresentou melhora em diversos índices de saúde, como o aumento do HDL (bom colesterol), diminuição da pressão arterial, redução da circunferência da cintura, elevação da capacidade aeróbia (VO2max). Aliás, após o programa de treinamento em esteira, oito pacientes obtiveram melhora tão expressiva que não mais preenchiam os critérios que os classificava anteriormente como portadores de SM!
Não é muito bom saber que uma mudança tão simples como praticar exercícios aeróbicos de forma regular pode trazer tantos benefícios? Vamos continuar discutindo esta questão, no próximo texto, pois há um estudo que comparou dois métodos de treino diferentes: leve e contínuo contra intervalado e intenso. Os pesquisadores chegaram a resultados surpreendentes.
Fonte: Tjonna, A. E. E cols. Aerobic Interval Training Versus Continuous Moderate Exercise as a Treatment for the Metabolic Syndrome. Circulation, 2008; 118:336-354.

Comer chocolate todos os dias reduz risco de ataque cardíaco e AVC, diz pesquisa



Estudo indicou efeito protetor do chocolate amargo em pessoas com predisposição a doenças cardiovasculares

Chocolate amargo
Pessoas com tendência a sofrerem eventos cardiovasculares podem ter o chocolate amargo como um aliado (Jack Hollingsworth/Thinkstock)
Mais uma vez, um estudo indicou que o chocolate pode, sim, ter um efeito protetor na saúde. Segundo pesquisa publicada nesta sexta-feira no periódico British Medical Journal (BMJ), comer chocolate amargo todos os dias pode reduzir o risco de ataques cardíacos, derrames cerebrais e outros eventos cardiovasculares em pessoas com predisposição a doenças do coração.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: The effectiveness and cost effectiveness of dark chocolate consumption as prevention therapy in people at high risk of cardiovascular disease: best case scenario analysis using a Markov model

Onde foi divulgada: periódico British Medical Journal (BMJ).

Quem fez: Ella Zomer, Alice Owen, Dianna Magliano, Danny Liew e Christopher Reid

Instituição: Universidade de Melbourne, Austrália

Dados de amostragem: 2.013 pessoas com síndrome metabólica

Resultado: Comer chocolate amargo todos os dias reduz risco de AVC e ataque cardíaco em pessoas com predisposição a doenças cardiovasculares
Pesquisadores da Universidade de Melbourne, na Austrália, analisaram os efeitos do chocolate amargo — foram considerados amargos os chocolates com ao menos 60% de cacau em sua composição — na saúde de 2.013 pessoas com síndrome metabólica, um conjunto de fatores que predispõem um indivíduo a doenças cardiovasculares e diabetes. Para ser caracterizado como portador dessa síndrome, um paciente deve se enquadrar em três ou mais das seguintes características: hipertensão, açúcar elevado no sangue, excesso de gordura abdominal, baixo nível de bom colesterol e índices elevados de ácidos graxos. No caso dos participantes do estudo, todos tinham pressão alta, mas não apresentavam histórico de doença cardíaca ou diabetes.
Após projetar os resultados a partir de cálculos matemáticos, os pesquisadores indicaram que o consumo regular de chocolate amargo ao longo de dez anos pode evitar 85 eventos cardiovasculares em 10.000 pessoas com síndrome metabólica — sendo quinze deles fatais. Os autores concluíram que o incentivo da ingestão diária do alimento poderia ser utilizada em campanhas de prevenção contra doenças cardíacas. No entanto, eles lembram que o efeito protetor do chocolate somente foi observado em relação ao chocolate amargo com pelo menos 60% de cacau, que é ricos em flavonoides, compostos com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. As conclusões não valem portanto, para outros tipos do doce.