sábado, 15 de setembro de 2012

Vinho tinto faz bem à saúde. Lenda ou verdade?


Você já deve ter ouvido falar que tomar vinho tinto faz bem à saúde e pode aumentar a expectativa de vida. Se você for um apreciador dessa bebida isso deve soar como um bálsamo aos seus ouvidos. O que há de verdade nisso?  Pesquisas  parecem comprovar que uma molécula  denominada resveratrol,  presente no vinho tinto, seria a responsável por essa propriedade, mas os mecanismos pelos quais ela atua são ainda assuntos de muito debate.  Em um artigo publicado na revista Nature Medicine (5 de abril de 2012), três cientistas — Leonard Guarente, Joseph Baur e Antonello Mai — discutem como pesquisas recentes estão contribuindo para revelar o modo de atuação do resveratrol e a implicação dessas descobertas para o desenvolvimento de novas drogas.
Os efeitos benéficos da restrição calórica no aumento da expectativa de vida
Já foi demonstrado, que a restrição calórica aumenta a longevidade e os efeitos negativos de doenças metabólicas relacionadas ao envelhecimento. Isso já foi observado em organismos inferiores como fungos e vermes (o famoso C. Elegans) e até em roedores e primatas.  Há várias hipóteses para explicar  porque a ingestão diminuída de alimentos tem o efeito benéfico no organismo. Um dos mecanismos propostos seria pela ativação de moléculas denominadas sirtuins(do inglês silence information regulators). As sirtuins são ativadas quando o nível de energia da célula está baixo. Ela entra então em uma “situação de economia”, os genes reduzem a produção de várias proteínas e enzimas inclusive aquelas envolvidos com a apoptose, ou morte celular.
O que o resveratrol tem a ver com isso?
Segundo as novas pesquisas, o resveratrol atuaria ativando essas sirtuins (SIRT1) , ou seja teria um papel semelhante à restrição alimentar. De acordo com Leonard Guarente (cientista do laboratório de ciência e envelhecimento em Cambridge, Massachusetts nos Estados Unidos) não sabemos se a atuação do resveratrol na SIRT1 ocorre de forma direta ou através de outros compostos. “É fascinante pensar como estamos desvendando, na era da ciência e tecnologia, os benefícios de um hábito milenar de tomar vinho. Descobrir os mecanismos que ativam a SIRT1 poderá permitir o desenvolvimento de drogas importantes para doenças relacionadas ao envelhecimento afirma esse cientista”. Para  Joseph A. Baur (professor da Universidade da Pensilvãnia , EUA) o quebra-cabeças para explicar os efeitos benéficos do vinho tinto está longe de estar completo. Segundo Antonello Mai (professor da universidade Sapeienza em Roma, Itália) após a descoberta de que o resveratrol de fato aumenta a longevidade em diferentes organismos, vários estudos estão sendo realizados para verificar seus possíveis efeitos em câncer, doenças inflamatórias, neurodegeneração, metabolismo e doenças do envelhecimento. Esses estudos poderão permitir a descoberta de novos medicamentos.
Em resumo, há um consenso de que o resveratrol, presente no vinho tinto tem realmente um efeito benéfico na saúde. É claro que ele não substitui ter hábitos alimentares saudáveis e atividade física regular. Mas vamos convir que se a ideia é aumentar a expectativa e a qualidade de vida, melhor que seja tomando vinho tinto do que passando fome, concordam?
Por Mayana Zatz

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